segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Trabalho infantil, um desrrespeito mundial.


Trabalho infantil no Brasil cai pouco e ainda há 1,2 milhão de crianças vítimas de exploração

Fabiana Uchinaka
Do UOL Notícias
Em São Paulo

A questão do trabalho infantil no Brasil ainda é dramática: mais de 1,2 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 13 anos ainda eram vítimas de exploração em 2007, segundo levantamento da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) divulgado nesta quinta-feira (18) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Mas, apesar do número alarmante, a incidência de crianças trabalhadoras caiu de 4,5% da população desta faixa etária, em 2006, para 4%, em 2007. Ou seja, 171 mil delas deixaram de trabalhar. A legislação brasileira proíbe qualquer tipo de trabalho para menores de 14 anos.

Para Renato Mendes, gerente do Programa Internacional para Erradicação do Trabalho Infantil da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a queda no índice da exploração é significativa, embora não haja motivo para contentamento. "A redução ainda é tímida e lenta perto do que o Brasil pode reduzir. E se não houver um trabalho constante, o trabalho infantil pode voltar a crescer", afirma. Ele destaca que a melhora nos indicadores é resultado das políticas públicas. "Não só do Bolsa Família ou dos programas do governo federal, mas também daquilo que os municípios, os Estados e a sociedade civil fazem".

Os dados da Pnad revelam ainda que os meninos negros ou pardos, de famílias de baixa renda (até um salário mínimo) e que moram em áreas rurais do Norte-Nordeste formaram o perfil médio do trabalhador mirim. Mais da metade das crianças de 5 a 13 anos morava no campo e, consequentemente, 60,7% delas trabalhavam em atividades agrícolas. Entre jovens com mais de 14 anos, a proporção de pessoas no trabalho agrícola cai para 32%

Os mais novos foram as principais vítimas do trabalho sem remuneração (60%), sendo que, em todas as regiões do país, a presença de crianças trabalhando sem qualquer tipo de contrapartida foi muito mais incidente nas atividades agrícolas (83,6%) do que nas não-agrícolas (18,7%).

Quase metade das crianças ocupadas de 5 e 13 anos (44,2%) trabalhou até 14 horas por semana e 6,6% delas chegaram a ter uma jornada de 40 horas ou mais. Apesar disso, 94,7% delas também foram à escola, praticamente a mesma porcentagem obtida entre as crianças que não trabalhavam (95,7%).

"Na década de 90, o trabalho infantil era contraditório com a escola, porque não havia uma oferta educacional como há hoje. Agora ele convive paralelamente, as crianças trabalham no contra turno", explica o especialista da OIT.

Ir à escola não significa educação de qualidade ou aprendizagem. Mendes ressalta que a criança gasta suas energias no trabalho e não no seu desenvolvimento e isso contribui para que a educação no Brasil esteja em um patamar baixo. "As avaliações do Ministério da Educação (MEC) mostram que os municípios com maior taxa de trabalho infantil respondem por menores Índices de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)", diz:

Entre os jovens de 14 a 17 anos, a situação é outra. Nessa faixa etária, 88,9% dos não-ocupados vão à escola, contra 74,9% dos trabalhadores.

"O governo federal está no caminho certo, mas precisa ser mais contundente no combate às formas de trabalho infantil mais resistentes: na agricultura familiar, no trabalho doméstico e no trabalho informal urbano. Na agricultura familiar, por exemplo, toda a família precisa arregaçar as mangas para poder sobreviver de forma digna. No trabalho urbano, as crianças das periferias vendem bala no semáforo, no comércio informal, nas feiras. Então, todo programa que erradique a pobreza e ajude às famílias a dependerem menos da força de trabalho da criança e toda política que aumente a oferta e a qualidade da educação são bem-vindas", afirma o especialista.

Trabalho infantil nos Estados do Sul
Os Estados do Sul se destacam pela concentração de trabalho infantil, apesar dos bons índices socioeconômicos sempre apresentados por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Renato Mendes explica que na região existe uma forte influência da cultura herdada dos imigrantes, de valorização do trabalho até mais do que do estudo. "Eles acham que é melhor criança trabalhando do que na rua. Mas não percebem é que esse tipo de criação, essa tentativa de segurar a criança no campo, faz com que os jovens fujam para a cidade quando conquistam a mínima autonomia".


Análise sociológica -

O trabalho infantil é um crime, mas mesmo assim existem pessoas que abusam de crianças que precisam do dinheiro. Crianças que ajudam a sustentar a casa, começam a trabalhar muito cedo e existem pessoas que as exploram por um preço muito baixo.
Na sociedade em que vivemos abusar de uma criança, tanto sexualmente quanto no trabalho infantil, é imoral. Mesmo caindo o número de crianças trabalhando, o número ainda continua assustador. Contratando uma criança que precisa se divertir e ter infância, você tira tudo isso dela. Além de pagar pouco, o empregador tira a vida dessa criança.
Por ser uma mã-de-obra relativamente barata, muitas pessoas cruéis diante a sociedade ainda contratam crianças. Isso é imoral, crime e pode dar cadeia.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Brasil - O trabalho escravo reinventado pelo capitalismo contemporâneo


Reportagem - Adital

Entrevista especial com o cientista político Leonardo Sakamoto



A cada dia, há novas denúncias de exploração do trabalho escravo em fazendas brasileiras. Mas não se trata apenas de um trabalho incessante do qual é quase impossível livrar-se. Trata-se de uma constante ameaça e um pavor que degradam o ser humano submetido a tais condições. Quanto mais o capitalismo leva às empresas a competitividade frenética, o trabalho escravo é escolhido como a opção mais barata para obter cada vez mais lucro. Tudo isso às custas do pobre trabalhador em busca de melhores condições de vida. .

O trabalho escravo, ou a escravidão contemporânea, é basicamente uma situação que expõe o trabalhador a uma condição totalmente degradante de trabalho, em que não há dignidade alguma. Nela, a alimentação e o alojamento são precários, assim com a situação de saúde, sem proteção física, individual. Ao mesmo tempo que essa situação extremamente degradante tira a dignidade do trabalhador, com a retenção de salários, com maus tratos, ameaças, ela traz uma situação de cerceamento da liberdade. Trata-se de uma liberdade específica. Não é a liberdade básica do direito de ir e voltar, e sim a de se desligar do serviço. Um dos maiores problemas, nesses casos, é a presença de guardas armados para intimidar ou mesmo assassinar quem tenta sair, espancamento de trabalhadores que tentam fugir para servirem de exemplo a outros, ameaças psicológicas ou físicas, por meio, por exemplo, de torturas. E ainda existem formas mais sutis ou menos violentas, digamos assim, para manter o trabalhador. São, na verdade, fraudes para enganá-lo, com promessas que nunca irão se cumprir. O trabalho escravo contemporâneo no Brasil, portanto, traz uma situação de trabalho extremamente degradante e indigna, somada à impossibilidade de se deixar o serviço, que se configura de várias formas.

 O trabalho escravo existe, hoje, praticamente em todos os países do mundo. Ele não é um monopólio brasileiro. Inclusive, existem estimativas que apontam mais de 17 mil trabalhadores em situação de escravidão nos Estados Unidos. Há milhares de trabalhadores em situação de escravidão na França, na Alemanha. Isso sem contar o grande número de escravos no Paquistão. O trabalho escravo contemporâneo é uma característica do modo de produção capitalista. Contudo, persistiram situações, até hoje, muito semelhantes à condição antiga legalizada de escravidão, em que o trabalhador tinha pouquíssimos direitos.

Na prática, o trabalho escravo gera economia. Por menor que essa seja, a economia em dinheiro é fundamental para garantir a esses produtores rurais competitividade e expansão em seus negócios.
 
 
 
Análise Sociológica:
 
      Esta reportagem foi tirada do site: http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=129, e a partir dela realizamos uma Análise Socíológica dos termos grifados. 
Muitas denúncias ainda são feitas em relação ao trabalho escravo no Brasil e em vários outros países. Isso ainda acontece por causa do pensamento capitalista que nos cerca todos os dias. Assim, com o capitalismo, a competitividade fica muito maior, exigindo de muitos trabalhadores.
     O pensamento de um capitalista seria: mão de obra mais barata = mais lucro. Com isso, os Donos de fazenda, acabam optando pelo trabalho escravo que seria a opção mais barata para eles, e como as despesas tem que ser minimas para o Dono, ele coloca os escravos em situações precárias, relacionado a alimento,maus tratos,higiene e rentenção de salários, expondo o trabalhador em uma condição totalmente degradante.
     Todos esses escravos nos dias de hoje, são vítimas do Capitalismo e de quem o comanda. Porém, como é possivel em pleno Séc XXI ainda termos escravos no Brasil? Isso poderia ser muito bem discutido no governo, porém a fiscalização desse tipo de trabalho é muito fraca, quase não existe, dando assim mais liberdade para os donos da fazendo utilizarem essa opção de mao de obra.
    Quanto mais se desenvolve o capitalismo, o lucro vai sendo reduzido ao ponto de que chega um momento em que é preciso escravizar o trabalhador para que o capital continue se reproduzindo. E não é mais escravização clássica, porque não há um "investimento prévio de capital no escravo. O escravo é reescravizado diariamente". Por isso, essa escravidão é muito mais repressiva, muito pior do que a escravidão negra que conhecemos, muito mais violenta e, ao mesmo tempo, ainda se trata de escravidão.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Geysi, o caso polêmico que afetou São Paulo


Reportagem O Globo -

Uniban instaura sindicância para apurar caso de aluna com roupa curta.
Episódio aconteceu em 22 de outubro em São Bernardo, no ABC. Aluna foi hostilizada por estar com roupas consideradas curtas.

A Uniban informou nesta quinta-feira (29) que determinou a instauração de uma sindicância interna para apurar o incidente em que uma aluna foi hostilizada pelos colegas por ir à faculdade com um vestido considerado curto. A estudante e funcionários serão ouvidos. O caso ocorreu na Uniban, no dia 22, e vídeos com imagens do tumulto foram publicados no site YouTube.

Segundo nota divulgada pela universidade, a sindicância foi instaurada já no dia seguinte ao fato. "Alunos, professores, seguranças e também a aluna estão sendo ouvidos individualmente pela universidade, que pretende aplicar medidas disciplinares aos causadores do tumulto, conforme o seu regimento interno, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa", afirma o documento.

A Uniban disse que a posição "é de total repúdio a qualquer manifestação de preconceito de gênero e qualquer forma de difamação ou violência".

"Cumpre esclarecer que algumas matérias veiculadas estão equivocadas quando se refere ao crime de tentativa de estupro, uma vez que não houve qualquer contato físico nem perseguição à aluna. O que houve foram manifestações verbais de caráter ofensivo", conclui a nota.

As imagens foram postadas no site no dia seguinte à confusão. Na manhã desta quinta-feira (29), um dos vídeos contabilizava quase 20 mil acessos.

Anderson Araújo de Oliveira, colega de classe da jovem, disse ao G1 que quando chegou à aula, um pouco atrasado, encontrou vários alunos aglomerados na porta de sua classe, tirando fotos e gravando vídeos com o celular. Ao entrar na sala, disse que queria ligar para a Polícia Militar. Ele então ofereceu seu celular.

“Ela estava com uma roupa meio insinuante, o pessoal da faculdade ficou perseguindo para vê-la. Quando eu cheguei já estava uma confusão. Ela estava lá dentro, com os outros alunos e o professor”, contou o estudante.

Os vídeos colocados na internet mostram a confusão criada quando a Polícia Militar foi chamada para conter os rapazes e moças que xingavam a estudante. As imagens, feitas de telefones celulares, mostram quando a jovem deixou a Uniban vestindo um jaleco branco, acompanhada dos policiais sob gritos, assobios e xingamentos.

De acordo com Oliveira, a estudante estava com um vestido “muito curto, rosa, bem curto”. Segundo o estudante, a universidade não procurou os alunos coletivamente para comentar o caso ou fez alguma punição. O G1 não localizou a estudante.

A PM do ABC confirma que recebeu o chamado às 21h33 para uma ocorrência de “confusão”. Segundo o porta-voz da corporação, Emerson Massera, a situação foi resolvida no local. “Ela teria ido à faculdade com trajes inapropriados e os alunos começaram a fazer provocações e a xingá-la”, disse ele.



Análise Sociológica -

No dia 22 de Outubro de 2009, a universidade Uniban foi alvo de um escândalo causado por uma estudante da universidade. A jovem Geysi foi para o campus da faculdade com uma roupa que diziam ser "provocante". Esse ação acarretou em sua expulsão da Uniban. A estudante foi tirada da faculdade escoltada por policiais, pois o tumulto causado já estava virando um tumulto agressivo.

A Uniban agiu errado ao expulsa-la da universidade, pois se vestir de maneira "provocante" ou indescente, vai de caráter de cada um e isso não é ilegal. A Geysi provavelmente queria chamar a atenção das pessoas para conseguir aparecer na mídia e ser vista pela sociedade. Apesar de ser vista por muitos como "puta", ele se sente de certa forma realizada ao aparecer e ter seu momento de "glória". As pessoas hoje se preocupam muito com a imagem, o como aparecer diante outros e de ter o status diante a sociedade. O status de certa forma é o mais importante para a maioria, pois ele que "define" o poder e a classe dessa pessoa.

Com sua imagem sendo banalizada na mídia e sendo exposta a todo momento, ela se sente importante, falada, conhecida e com seu status lá em cima. Realizando assim, todos os seus desejos pessoais.

Eduardo Mendes e Larissa Oliveira